Um dos resultados obtidos a partir da vivência em espaços compartilhados que deixam de centralizar a gestão em um só indivíduo é a geração de pertencimento maior ao espaço, e logo uma transformação da relação entre as pessoas e onde ocupam. Desligamos o conceito de que o espaço pertence a alguém, e passamos a enxergar que pertencemos ao espaço: nos tornamos responsáveis pelo habitat, como uma extensão de nós mesmos.

Assim que, a partir do momento que a casa se torna “nossa” e não “minha” ou “dele(s)”, e por consequência, a rua, o bairro, o parque também se tornam “nossos”, bem como o potencial de transformação sobre eles. Conhecer os vizinhos se torna mais importante, saber quem passa pela rua também. O espaço público não é bem material de uma entidade que não tem nome, ela é bem imaterial da comunidade que o habita.

"Um ponto alto destas moradias, em se tratando de seus aspectos políticos, é o de precisar saber e aprender “a respeitar as opiniões das pessoas, a conviver com as diferenças e a argumentar, porque esse é um ambiente realmente democrático” - Machado

O termo derivado do latim "communitas" se refere ao espírito de uma comunidade. Elevado ao plano do espaço e dos bens materiais, se refere ao inconsciente coletivo de viver em comunidade, e ao que os moradores compartilham entre si. Este termo é significado por outros como igualdade, solidariedade e companheirismo.

Atividades simples e cotidianas têm um valor muito mais amplo quando contextualizadas em meio a sociedade. Dividir uma refeição é um também um ato político e uma atividade social a ser valorizada. Preparar uma refeição e alimentar os membros de uma comunidade é um ato milenar. Na sociedade atual, ainda é uma atividade que predomina nas matriarcas e tem um olhar feminino, do carinho da mãe e da união da família.