These sets of rules and agreements affect the behavior of members because they create the cohousers' community life (Bouma and Voorbij 2009; Meltzer 2005).

Por que trabalho se falamos de habitação?

Como compreendido no item anterior, a configuração da comunidade intencional está embasada em convívio social, colaboração mútua entre os vizinhos, e cooperatividade. É um fato que este modelo de moradia depende da disponibilidade de uma parcela de tempo e esforço de cada membro em prol do bem-comum. O ponto decisivo de um modelo de moradia coletiva intencional em relação aos outros modelos de espaços compartilhados, pode ser também o ponto crítico da manutenção desse modelo.

Mesmo com a intencionalidade de vida em comunidade, existem muitas dificuldades encontradas no processo de transição do modelo individualista ao modelo colaborativo. A lógica do trabalho corporativo tradicional é, em grande parte, individualista e criada a partir da lógica do crescimento individual e competitividade exacerbada. Para criar uma mudança de cultura em relação ao trabalho e gerar novos conceitos de implementação de trabalho cooperativo e colaborativo é necessário buscar novos modelos de gestão e organização. Estes colocam em destaque habilidades e potencialidades individuais que geram valores coletivos.

Alguns formatos e estruturas de divisão de tarefas podem garantir um modelo sustentável que facilite a convivência em grupo.

The suggestion is that participatory practices which challenge privatised dwelling also cultivate a 'public time' of collective engagement and learning. - Helen Jarvis

Esse processo fundamenta ideais como a democracia, emancipação e horizontalização de uma sociedade.

Collective living does not promise a life of leisure or reduced domestic labour as an antidote to conspicuous consumption and career burnout.(...)Instead, it is argued that the self-governing activities and the `examined life' that cohousing instils (Carol Holst, interviewed in Milner, 2008), opens up significant potential for different (emancipatory) temporalities, through mutuality and reflexive learning; working-group connections to the seasons, cycles, and rhythms of growing, maintaining and celebrating shared land, property, and events; and witnessing and adapting to ageing, crisis, and renewal in the dwelling, community, and external ecology. - Helen Jarvis

Cultura ágil

Com raízes na busca por um desenvolvimento de software mais eficiente e ágil, 17 desenvolvedores norte-americanos se reuniram em uma estação de Ski nos Estados Unidos no ano de 2001, em busca de uma nova maneira de se relacionar ao trabalho, e com intuito de transformar a cultura corporativa tradicional.

Com referências nos modelos japoneses de produção e cultura organizacional, os fomentadores desse encontro buscavam compor um novo documento que justificasse modificar antigos formatos de trabalho, pouco produtivos e preenchidos de burocracia a formas mais simples, estratégicas e adaptáveis de gestão de projetos.

O resultado disso foi o "Manifesto Ágil", que se fundamenta em 4 principais pontos:

• Individuals and interactions over processes and tools
• Working software over comprehensive documentation
• Customer collaboration over contract negotiation
• Responding to change over following a plan

A princípio, em comparação ao modelo tradicional, conservador e enrijecido natural a muitas empresas do século XX, o manifesto parecia como uma proposta anárquica, se desligando das estruturas processuais e hierárquicas. Mas, na verdade, não era esse o intuito da proposição. Os desenvolvedores compreenderam naquele momento, que durante o desenvolvimento de um software, os cenários estavam em constante mudança, afetando assim o escopo dos projetos. As dificuldades encontradas durante o desenvolvimento também traziam necessidade de reconfiguração dos objetivos finais e reestruturação de métodos de desenvolvimento. Em comparação ao formato tradicional, também chamado de "cascata" - onde uma etapa do projeto somente se encerra após a conclusão da anterior, e não existe comunicação ativa entre os participantes, - a busca por uma metodologia ágil tinha como intuito principal se adaptar a essas transformações, e garantir que o produto final estivesse alinhado ao cumprimento das novas demandas e necessidades.

"The Agile movement is not anti-methodology, in fact, many of us want to restore credibility to the word methodology. We want to restore a balance. We embrace modeling, but not in order to file some diagram in a dusty corporate repository. We embrace documentation, but not hundreds of pages of never-maintained and rarely-used tomes. We plan, but recognize the limits of planning in a turbulent environment. Those who would brand proponents of XP or SCRUM or any of the other Agile Methodologies as "hackers" are ignorant of both the methodologies and the original definition of the term hacker."

Hoje em dia, diversas áreas do conhecimento e corporações absorveram esse formato de trabalho, substituindo os processos em formato "cascata".

A grande mudança é a criação de um sentimento de urgência e importância para as tarefas que devem ser realizadas. Dessa forma, qualquer grupo de pessoas pode colaborar ativamente em diversas etapas do projeto ao mesmo tempo e de forma a alcançar um único objetivo maior.

Com envolvimento coletivo de diversas pessoas nas diferentes etapas do projeto, e com a noção comum de toda a construção de um projeto, tornou-se viável visualizar desenvolvimentos mais ágeis e de maior alinhamento ao objetivo final.

A disposição e facilidade de adequação a mudanças rápidas e melhorias constantes nos processos também são pontos-chave na escolha desse modelo.

Princípios do Manifesto Ágil:

• Nossa maior prioridade é satisfazer o cliente através da entrega contínua e adiantada de software com valor agregado.
• Mudanças nos requisitos são bem-vindas, mesmo tardiamente no desenvolvimento. Processos ágeis tiram vantagem das mudanças visando vantagem competitiva para o cliente.
• Entregar frequentemente software funcionando, de poucas semanas a poucos meses, com preferência à menor escala de tempo.
• Pessoas de negócio e desenvolvedores devem trabalhar diariamente em conjunto por todo o projeto.
Construa projetos em torno de indivíduos motivados. Dê a eles o ambiente e o suporte necessário e confie neles para fazer o trabalho.
• O método mais eficiente e eficaz de transmitir informações para e entre uma equipe de desenvolvimento é através de conversa face a face.
• Software funcionando é a medida primária de progresso. Os processos ágeis promovem desenvolvimento sustentável. Os patrocinadores, desenvolvedores e usuários devem ser capazes de manter um ritmo constante indefinidamente. Contínua atenção à excelência técnica e bom design aumenta a agilidade.
• Simplicidade--a arte de maximizar a quantidade de trabalho não realizado--é essencial. As melhores arquiteturas, requisitos e designs emergem de equipes auto-organizáveis.
• Em intervalos regulares, a equipe reflete sobre como se tornar mais eficaz e então refina e ajusta seu comportamento de acordo.

Os princípios que transformaram a gestão e execução de projetos em equipes de tecnologia, também podem ser um modelo a ser utilizado como referência para a construção de modelos de trabalho mais eficazes e igualitários, que auxiliariam na gestão de processos e tarefas relacionadas a outros ambientes, nesse caso à casa compartilhada.

Referências:

JARVIS, Helen. Saving Space, Sharing Time: Integrated Infrastructures of Daily Life in Cohousing. Sage Journals, [S.L], v. 43, n. 3, p. 560-577, mar. 2011. Disponível em: https://doi.org/10.1068/a43296. Acesso em: 18 jul. 2018.

MANIFESTO FOR AGILE SOFTWARE DEVELOPMENT. Principles behind the agile manifesto. Disponível em: http://agilemanifesto.org/. Acesso em: 08 nov. 2018.

RUIU, Maria L.. Differences between Cohousing and Gated Communities. A Literature Review. Social Inquiry, [S.L], v. 84, n. 2, p. 316-335, jan. 2014. Disponível em: https://doi.org/10.1111/soin.12031. Acesso em: 22 set. 2018.

SUTHERLAND, Jeff. Scrum: A arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo. 2 ed. [S.L.]: LeYa, 2016. 240 p.