Apesar das origens dos termos co-housing e co-living estarem conectadas aos anos 60, e mesmo observando a criação de diversos modelos de comunidades autônomas em diversos períodos históricos, estamos vivendo um momento de expansão global do conceito de co-viver. Essa expansão está muito relacionada à transição para a era digital que analisamos anteriormente.

Segundo Jarvis, o paradoxo é que ao mesmo tempo em que as pessoas vêm buscando conexões verdadeiras, ainda vivemos em uma sociedade regida por princípios neoliberais, como auto-suficiência e acumulação de propriedades privadas. Grande parte da população vive sozinha, e os números apontam para o crescimento de núcleos familiares de pais e mães solteiros.

Conceitos como mutualidade, cooperação, reciprocidade e troca (Jarvis)são alguns dos benefícios do co-viver, e estão conectados aos ideais dos jovens na contemporaneidade. A partir dessa premissa, o escritório de arquitetura francês Bond Society, formado pelos arquitetos Pierre Antczak, Christelle Gautreau & Stéphanie Morio realizou uma vasta pesquisa sobre o conceito de co-living na atualidade.

A pesquisa foi financiada pela Le Pavillon de l'Arsenal com o apoio da FAIRE Paris (Fabrique Arquitecture Innovation Recherche Experimentation), prêmio de arquitetura e urbanismo que explora a possibilidade de inovação nos espaços públicos e urbanos.

Como principal objetivo, o projeto mapeia diferentes iniciativas de co-housing e co-living buscando compreender padrões e divergências encontradas, para assim identificar as necessidades de uma nova geração que vem se adaptando e constituindo novas comunidades em diversos contextos. Durante 12 meses, 30 iniciativas foram mapeadas e 6 eixos temáticos abordados: Residentes, comunidade, serviços, temporalidade, arquitetura e preços.

Após um ano de imersão,em 2018, os resultados foram disponibilizados em um website. Entre estes dados, estão os parâmetros que foram coletados sobre cada uma das instituições ao redor do mundo e resultados amplos, que trazem um panorama geral sobre a realidade dos co-livings. Dados coletados individualmente sobre os residentes, comunidade, serviços, temporalidade, arquitetura e preço:

• Idade média;
• Estado civil;
• Sexo;
• Situação profissional;
• Nacionalidade;
• Preço;
• Data de fundação;
• Duração média da estadia;
• Serviços incluídos;
• Número de habitações;
• Tamanho médio das habitações;
• Acessibilidade;
• Proporção de ambientes privados e compartilhados;
• Número de franquias pelo mundo;

Resultados obtidos:

40% dos residentes dos espaços analisados têm empregos formais;

O mais jovem residente tem 7 anos e o mais velho 75;

90% dos operadores de co-living formam suas comunidades a partir de ferramentas de comunicação digital. Esse é um dos primeiros passos para a criação de um espaço de co-living;

O espaço comum disponível independe do número de serviços oferecidos e o número de serviços oferecidos independe do número de residentes;

75% dos projetos de co-living estão fora da área 'hipercentral' das regiões metropolitanas;

100% dos espaços de co-living estão localizados a menos de 10 minutos a pé da rede de transporte público;

77% dos espaços estudados são espaços renovados ou transformados. O modelo de co-living ainda não é padronizado. Os espaços foram fabricados fora do circuito tradicional do mercado imobiliário;

73% dos moradores dos co-livings vivem aí por 6 meses ou mais, e apenas 4% vivem entre 3 e 6 meses.